terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Boletim O Candeeiro - 3ª Edição: “Cisterna-calçadão fortalece a produção agroecológica do casal Audália e Zé de Celina no Sertão de Manari”

A família da agricultora Audália, 67 anos e do agricultor José Domingos, muito conhecido como Zé de Celina, 66 anos, mora na comunidade Alto Vermelho 1, distante  8 km da sede do município de Manari/PE. Com eles moram uma das filhas, Mônica (25) e um neto,  Jairo (13). 


Há 44 anos, o amor e a cumplicidade não só uniram o casal pelo matrimônio, mas, também pela comunhão da mesma experiência com a agricultura familiar, de modo que ainda hoje eles mantém uma relação especial com a terra e a natureza. “A terra é nossa mãe e ela nos dá de tudo. Nós criamos nossos 10 filhos trabalhando na roça e produzindo de tudo um pouco: feijão, milho, maxixe, melancia e abóbora na época do inverno, mas, de uns anos pra cá ficou difícil produzir devido as estiagens”, diz seu Zé de Celina.

Dona Audália conta que a família já viveu muitos aperreios devido a escassez de água na comunidade, pois, só existiam uma cacimba de minação e um barreiro e ficavam muito distante de sua residência, por isso, cansou de ir buscar água com a lata na cabeça. “Era um sofrimento só e todo mundo aqui ajudava a buscar água lá na cacimba. A gente ia e vinha várias vezes ao dia, diz dona Audália. Ela fala ainda que a família não tinha reservatórios d’água por falta de condições financeiras.

Seu Zé de Celina comenta que o acesso à água sempre foi preocupante na região, mas, vem sendo superado com as tecnologias sociais desenvolvidas pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). No ano de 2003 a família conquistou uma cisterna de 16 mil litros d’água para o consumo por meio do Programa 1 Milhão de Cisternas   (P1MC). No início deste ano, a família teve acesso a uma Cisterna-calçadão de 52 mil litros para a produção de alimentos através do Programa Pernambuco Mais Produtivo do Governo do Estado, com gestão do Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor) e execução do Polo Sindical do/as Trabalhadores/as Rurais do Submédio São Francisco - PE/BA com o acompanhamento do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável Rural (CMDSR). “Com a chegada dessa cisterna aí foi que a coisa melhorou, porque agora temos água boa do lado da nossa casa pra beber e cozinhar e também água pra plantar”, diz Zé de Celina. Sua companheira, dona Audália enfatiza: “Frutas e verduras eram compradas na feira da cidade, agora não compramos mais, produzimos aqui mesmo. Foi uma bênção pra nós”, diz.

Realmente dá gosto de ver a horta da família de dona Audália e seu Zé de Celina verdinha e diversificada com tomate, coentro, cebolinha, alface, couve, cenoura, beterraba, pimentão, pepino, mamão, goiaba, além de alho e plantas medicinais como mastruz e capim-santo.
Para economizar água, eles usam uma experiência de gotejamento com garrafas pet e cobertura morta, garantindo assim, a umidade da terra  por mais tempo. “Como temos pouca água aqui no Sertão, então temos que regar pra não faltar. Como a natureza cuida de nós, também precisamos cuidar dela”, diz seu Zé de Celina.

A mudança de vida desta família, o amor e a cumplicidade deste casal também em relação à terra, assim como a produção de alimentos que brota no quintal da casa reforçam a importância do acesso às tecnologias sociais disseminadas pela ASA como alternativas de convivência no Semiárido e mostram que é possível produzir com qualidade, garantido segurança alimentar e nutricional às famílias do Sertão.



“A cisterna é muito boa demais, porque a pessoa apanhando umas coisinhas dessas...”, diz dona Audália mostrando um balde cheio de tomates. “Só não ajuda para aqueles que não querem trabalhar mesmo, que não têm coragem, que não quer perder uma novela, mas, para os que querem, até na boca da noite dá pra ir lá dar uma molhadinha e bem cedinho vai lá e molha de novo”, conclui seu Zé de Celina. 

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