Abertura do Encontro de agricultores/as na Câmara de Vereadores de Afogados da Ingazeira |
“Mais que um encontro de troca de experiências, esse foi um momento para compartilhar esperanças”, disse uma
das jovens agricultoras ao avaliar o I Encontro Estadual de agricultores e
agricultoras experimentadores/as do estado de Pernambuco, que teve início no dia 13/10/2013 e
terminou no dia 15/10/2013 com o almoço no Clube Campestre em Afogados da Ingazeira
- PE. Foi um momento ímpar, pensado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA)
e organizado pelas organizações que compõem a ASA-PE, dedicado especialmente aos agricultores/as familiares.
O encontro atingiu os objetivos propostos que era de fomentar o debate sobre as questões das sementes no estado,
a preservação do patrimônio genético (animal e vegetal) e discutir as
perspectivas da ASA no campo da preservação das sementes; além da formatação de
propostas concretas para serem apresentadas no 3º encontro Nacional de
agricultores e agricultoras que acontecerá em Campina Grande na Paraíba e
reunirá cerca de 250 participantes de todo o Semiárido brasileiro entre os dias 28 e 31 de outubro e terá com
o tema: Guardiões da Biodiversidade: cultivando vidas e resistência
no Semiárido.
Intercâmbios
de experiências:
Além das discussões em
plenário através dos painéis e mesas de debates, apresentados pelos próprios agricultores experimentadores, outra dinâmica foi a atividade prática, os
intercâmbios, que possibilitaram o conhecimento in loco das várias experiências
exitosas do Semiárido pernambucano, como o Biodigestor do agricultor Ivan Lopes
do Povoado Bom Sucesso, Tuparatama, PE. Ele acredita na energia
renovável e garante uma boa produção orgânica na sua propriedade.
Outra experiência visitada
foi a Unidade de beneficiamento da castanha de caju mãos crioulas, das
comunidades Umbuzeiro e Leitão, Afogados da Ingazeira-PE; um exemplo de
organização, determinação e coragem dos agricultores/as.
O manejo de animais foi outra
experiência conhecida na propriedade do senhor José Alfredo Filho, muito
conhecido como seu Zezinho e de dona Lurdinha, da comunidade Pajeú Mirim à 18 km
da cidade Tabira, PE. O produtor e sua família receberam os visitantes com
muita satisfação e se colocaram à disposição dos visitantes. Ele falou do controle
das vacinas, principalmente no cuidado com a verminose, garante a alimentação
dos animais à partir da silagem do sorgo e outras forragens e garante a água
pra família e os animais através do armazenamento na cisterna de 16.000 mil
litros e de uma cacimba. “A agricultura familiar sempre
foi a nossa principal atividade, desde os meus pais que foram agricultores de
verdade. em tempos bons de chuva, nós tiramos tudo nesta propriedade”, enfatiza
seu Zezinho. Os visitantes perceberam ainda o envolvimento dos filhos do casal
no manejo dos animais e nas atividades rurais, garantindo a renda necessária
para bancar os estudos dos mesmos. O agricultor contou que tira toda semana em
torno de 56 litros de leite de cabra e vende na cidade, e que o dinheiro é do
filho para custear a faculdade de matemática dele. Como o intercâmbio garante a
troca de saberes, seu Zezinho também tirou suas duvidas com os agricultores e técnicos
sobre os problemas com a parição das cabras e satisfeito com o que ouviu,
agradeceu. De acordo com a agricultora Aparecida Diniz, do Povoado São José de
Pilotos, município de Santa Cruz da Baixa Verde, a visita de campo foi muito
importante e serviu de exemplo para aqueles que se interessaram pela criação de
animais de pequeno e médio porte.
Um dos grupos de
agricultores visitou a experiência do manejo sustentável da caatinga, do
agricultor José Carlos, do Assentamento das Onças, em Afogados da Ingazeira. Destaque
para a preservação da biodiversidade da fauna e da flora, por meio de uma barragem
construída com galhos de marmeleiro e jurema preta para diminuir a erosão por
meio da obstrução da chuva e reter sementes das plantas nativas. A o trabalho
da proliferação fica por conta de abelhas besouros e maribondos.
A última experiência visita
foi a da agricultora Terezinha Cavalcanti, uma senhorinha simpática da
comunidade São Miguel do município São José do Egito, no Sertão do Pajeú que
desenvolve os quintais produtivos. Ela consegue manter a produção orgânica
mesmo com as estiagens, graças à sua disposição dedicação e amor à terra.
Durante os debates, os
agricultores e agricultoras interagiram, expondo suas percepções em relação às experiências
visitadas, do acesso a água, terra, manejo dos animais, beneficiamento, manejo agroflorestal, produção orgânica e a criação de bancos de sementes; assimilando bons
exemplos e práticas que levarão para suas comunidades. Para a agricultora Jucileide
do Assentamento Lulaço, em Belém do São Francisco foi muito importante a troca
de saberes, porque tirou várias dúvidas em relação ao manejo com os animais, as
plantas; e alertou para a necessidade da manutenção e armazenamento das
sementes, tanto animal como vegetal.
Propostas
dos agricultores/as:
O trabalho de grupo
possibilitou a discussão e a formatação de várias propostas que serão
apresentadas pelos 28 representantes de Pernambuco no 3º Encontro Nacional em
Campina Grande/PB.
- Garantir sementes de qualidade e variedade suficiente, como também seu insumos e utensílios de armazenamento para a agricultura familiar;
- Garantir assistência técnica voltada para a agricultura familiar; Garantir á agricultura familiar um programa de aquisição de animais de pequeno porte, disseminação e implantação o bio digestor;
- Um programa de conscientização dos agricultores em relação a semente crioula (animal e vegetal); Campo de produção de sementes crioulas; Que cada município adote um banco de sementes crioulas;
- Um selo de garantia que essas sementes sejam crioulas e orgânicas;
- Criar condições para o agricultor armazenar grãos, forragens e água;
- Intensificar a fiscalização para que haja o cumprimento da Lei e a venda dos produtos da agricultura familiar para o PAA e PNAE; Criar Lei Federal de Sementes Crioulas.
Encerramento:
“Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, foi a música que embalou a mística de encerramento do I Enconto estadual de agricultores/as do estado de Pernambuco organizado pela ASA-PE. Quem teve a honra de aspergir o líquido sagrado e abençoado indispensável à vida, a água, sobre os participantes e desejando um bom retorno, foi a senhora Francisca Maria de Almeida, Assentamento Tomada da Quixabeira; mulher, mãe, agricultora experimentadora, exemplo de vida em nosso Semiárido.
Outros registros:
Josiel Araújo Santos
Comunicador Popular/ASA/Polo Sindical
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