segunda-feira, 10 de setembro de 2012


O Semiárido se despede de Vanete Almeida

Por Daniel Ferreira - comunicador do Cecor

Morreu ontem (09/09), por volta das 09:30h, a líder feminista rural, Vanete Almeida. Faleceu aos 69 anos de idade no Hospital Albert Sabin. Desde o ano passado, ela vinha lutando contra um câncer no ovário. Ela era natural do município de Betânia, no Sertão, e deixa um legado de história e uma só bandeira, a luta pela igualdade e dignidade das mulheres trabalhadoras rurais.

Vanete Almeida está sendo velada no Cemitério Morada da Paz, Capela 3. Por volta das 11h, desta segunda-feira (10), acontece uma cerimônia religiosa presidida pelo bispo da Diocese de Afogados, Dom Egídio Bisol. Logo mais às 12h, será realizado o ritual de cremação. As cinzas do corpo serão levadas para Serra Talhada, onde no próximo sábado (15) acontece uma solenidade para amigos, admiradores e trabalhadores rurais.

HISTÓRIA DE LUTA - Maria Vanete Almeida nasceu em 1943, mulher negra e sertaneja, como costuma se definir. Vivia na comunidade de Jatiúca, distrito do município de Santa cruz da Baixa Verde, no semiárido pernambucano. Seu trabalho com mulheres rurais teve início na década de 1980, quando saía de casa de madrugada e percorria 30 quilômetros de carona em caminhões com um único objetivo: conscientizar mulheres de seus direitos, quebrando séculos de repressão.

Atualmente, era presidenta do CECOR (Centro de Educação Comunitária Rural), sediado em Serra Talhada. Foi coordenadora da Rede LAC (Rede de Mulheres Rurais da América Latina e Caribe), representando 25 mil trabalhadoras de 23 países. Foi também assessora da Federação dos trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape).

Ganhadora do prêmio Trip Transformadores (2009). Em 2005, ela esteve na lista das 1000 Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, da ONG suíça Peace Women Across the Globe, que buscou, de forma coletiva, indicar todas as listadas ao Prêmio Nobel daquele ano.  Em 2002, ganhava o prêmio Cláudia, promovido pela Revista Cláudia.

Sua história de luta inspirou os livros “Ser Mulher num Mundo de Homens”, “Mulheres que mudaram a história de Pernambuco” e “Uma história muito linda” e também o vídeo “Coragem de Ser”. Vanete Almeida é umas das personagens do documentário “Eu Maior”, que será lançado no final do ano e traz uma reflexão contemporânea sobre autoconhecimento e busca da felicidade, por meio de entrevistas com expoentes de diferentes áreas do país. Ela tinha acabado de concluir o livro “Lutando e Lutando...”, que conta sua caminhada na luta contra o câncer e deixa uma mensagem para desmistificar a doença para as trabalhadoras rurais.

domingo, 2 de setembro de 2012

500 MIL



Na próxima terça-feira (4), é atingida a marca de dois milhões e meio de pessoas no Semiárido com acesso à água potável ao lado de casa, de forma descentralizada. Neste dia, será entregue a cisterna de placa número 500 mil do Programa Água para Todos do governo federal, que tem parceria com a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). Quem vai receber a tecnologia é a agricultora Maria Nazaré da Silva, que vive no Assentamento Estadual Serrote Feio, no município de Madalena, a 180 km de Fortaleza.

O Fórum Cearense pela Vida no Semi-Árido (FCVSA), que representa a ASA no Ceará, considera essa cisterna um marco na democratização do acesso à água de qualidade ao povo do Semiárido. A coordenadora executiva da ASA pelo estado do Ceará e também coordenadora da ONG Cetra, Cristina Nascimento, enfatizou a importância de festejar essa marca, que é resultado de um projeto da sociedade civil transformado em política pública, com recursos garantidos no Orçamento da União. “Isso significa mudança na vida de muita gente”, assegura ela. 

A cisterna de número 500 mil será celebrada na casa de dona Maria Nazaré, a partir das 9h, com a participação de cerca de 300 pessoas e da ministra Tereza Campelo, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Autoridades políticas, como o governador do estado, Cid Gomes, secretários estaduais, prefeitos, agricultores e agricultoras de várias regiões do estado e representantes de fóruns, como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), além das organizações do Fórum Cearense, também estarão presentes. 

A cisterna de dona Maria Nazaré foi construída pelo Instituto Antônio Conselheiro (IAC), uma organização que executa as ações do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA em parceria com o MDS e demais parceiros. Para a Unidade Gestora responsável por essa implementação o sentimento é de dever cumprido em favor da uma vida mais digna para o povo do Semiárido. “A água potável para beber contribui para a garantia da segurança alimentar e nutricional da pessoa humana”, atesta Odalea Severo, coordenadora do P1MC pelo IAC.

As 500 mil cisternas construídas em todo o Semiárido fazem parte da meta de um milhão e duzentas e cinquenta mil cisternas do governo federal. Até o final de 2012, a ASA, através da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC) – oscip que faz a gestão dos programas da rede - vai construir mais de 93 mil cisternas de placa, dentro do Programa Água para Todos, sendo 60 mil pela Fundação Banco do Brasil (FBB) e 33.400 pelo MDS. Além disso, serão feitas 100 mil cisternas pelas ASAs nos estados em parceria com os governos estaduais.